Como parte da agenda cultural da LIGA, Espacio para arquitectura na Cidade do México, o quarteto brasileiro Terra e Tuma, formado por Danilo Terra, Fernanda Sakano, Pedro Tuma e Juliana Terra, apresenta um projeto que descreve sua arquitetura de ofício: um trabalho de cópia e repetição. Tal e como se anuncia no site oficial da LIGA, a inauguração foi cancelada pelos recentes acontecimentos relacionados à COVID-19 na Cidade do México. No entanto, através de publicações digitais como esta, procura-se difundir o projeto para abrir o diálogo e a reflexão acerca do mundo da arquitetura.
Desta forma, Terra e Tuma apresentam uma proposta na qual adotam como referência o pensamento de Paulo Mendes da Rocha sobre como os arquitetos estão condenados a fazer sempre a mesma casa, construindo a partir do mesmo, mas de forma diferente, como acontece na literatura. Seu projeto entitulado Cópia sinvergüenza (Cópia sem vergonha, em português), questiona a ideia contemporânea de que a constante inovação e a originalidade são dogmas irrefutáveis.
O escritório paulista - conhecido por seus edifícios pragmáticos e austeros - mostra em um espaço labiríntico, oito de seus projetos de residências unifamiliares: Casa Maracanã (2009), Casa Mipibu (2015), Casa Vila Matilde (2015), Casa Guaianaz (2018), Casa Cruzeiro (2019) Casa das Jabuticabeiras (2019), Casa Indianápolis (2020) e Casa Lírio (2020-). As maquetes, assim como sua obra, são expostas de forma simples, feitas com materiais básicos, cinzas e neutros. No entanto, não é o preciosismo individual das maquetes que importa, mas as relações que se estabelecem entre elas. As maquetes são colocadas de forma contínua em um quarto escuro, iluminadas de forma pontual. Algumas delas têm um espelho de fundo onde se vê a imagem da seguinte refletida.
Na escolha de projetos realizada pelo escritório, se apresentam materiais e formalizações tipológicas que compartilham uma linguagem comum, fazendo eco de outras obras próprias da arquitetura brasileira. O processo de repetição aperfeiçoa as técnicas adotadas, assim como o ajuste e adequação aos terrenos, demandas e orçamentos diferentes. O fato de que sejam, ao mesmo tempo, cópia e diferença, sugere um distanciamento da tradição, como podemos observar na teoria "do Novo" de Haroldo de Campos. Segundo o crítico literário, as obras importantes são híbridas, amalgamadas, contrastantes, já que trazem em si múltiplas referências do passado. Elas fazem parte do "movimento plagiotrópico da literatura", uma espécie de "ramificação oblíqua, como na botânica é designada a expansão de certas plantas."
- LIGA, Espacio para arquitectura
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